20 de abril de 2010

fazer diferença - em tudo que eu faça -, jamais me conformar com as coisas erradas desse mundo e contribuir para a mudança de realidades têm se tornado a cada dia grandes motivações existenciais pra mim. mas exigem uma energia que, às vezes, nem todos os carboidratos ou os combustíveis fósseis do mundo dariam conta de suprir.

18 de abril de 2010

atravessávamos a eisenbahnbrücke de köln. eu, anja, herr hess, herr heimann, adriano e os outros alunos alemães, todos homens. íamos da neustadt para a altstadt. a catedral, der kölner dom, ao fundo. o céu claro, sem nuvens, as estrelas, e a lua. ah, a lua que aveludava o reno e tudo ao redor, inclusive todos nós. quando ergui os olhos e fotografei..., de todas as fotografias de colônia que fiz com minhas retinas, talvez seja essa a mais comovente.

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o nome dele, não lembro. era dinamarquês, estrangeiro como eu ali. tocava uma música agitada. dançávamos todos, eu, ele e todos os outros alunos alemães. então, veio o dina, como chamávamos eu e os brasileiros todos os dinamarqueses, e se curvou à minha frente, eu consenti, brincando. ele se aproximou de mim e disse em tom sério: você acabou de aceitar meu convite para dançar, como fazemos no meu país. ah, essa tal diferença cultural, respondi: danke sehr, aber ich tanze gern allein. ele se irritou e nunca mais falou comigo. e eu dancei sozinha, naquele dia e em todos os seguintes ali.

16 de abril de 2010

as palavras me vinham em toneladas. chegavam pelos correios, saíam da tela de televisão, saltavam das páginas dos livros, até dentro dos sapatos as encontrava. dançavam todas em um frenesi, tremiam de ansiedade, esperando que eu as escolhesse e as transformasse em cartas para você. acordavam-me, quando me haviam permitido dormir, senão nem isso elas me permitiam. mantinham-me noites a fio com os olhos arregalados para que pudesse escolhê-las todas. às vezes já me vinham ordenadas. outras vezes estavam em caos tão grande que jamais conseguiria ordená-las como queriam. algumas não queriam ficar presas no papel, queriam somente participar dos comícios e espetáculos. quando eu estava para pegá-las, fugiam descontroladamente aos berros, dizendo que eram livres e não queriam tomar forma, que estavam apenas se divertindo. ah, e como se divertiam à custa de minhas noites despertas. passei um ano, se me lembro bem das contas que na época fiz, sem dormir. depois que paramos de nos falar, as palavras passaram a falar por mim, em um movimento que nunca parou, que nunca mais em paz me deixou dormir.

14 de abril de 2010

às vezes me ponho a perguntar: até quando, Senhor, terei de esperar? mas não há resposta para essa pergunta. os dias, Deus não conta. quando estamos prontos, Ele vem e nos inunda com suas bênçãos. sim, as incontáveis bênçãos, quando nos quedamos overwhelmed. às vezes inspiro o ar até que todo o meu corpo esteja tomado por ele. fecho os olhos, seguro a respiração por dois segundos e imagino que esse será o tempo de o enfim chegar. mas logo abro os olhos e sei que ainda não é chegada a hora. e quando vem a tristeza, o mesmo, como se dois segundos fosse tempo suficiente para ela se dissipar, enquanto expiro o ar lentamente. mas não. Deus, esses dias têm sido exercícios de paciência, serenidade e fé. e eu não quero falhar. de novo não.

10 de abril de 2010

quando chegar o dia do julgamento de minhas obras na terra e me for cobrado o que fiz contra a injustiça, em prol dos famintos e das crianças em desamor, se eu não tiver o que falar, o que me poderá livrar da eterna dor da desobediência, senão Ele mesmo, por sua infinita misericórdia? que eu tenha palavras para defender minhas obras, mas que, acima de tudo, eu tenha vidas que falem por si, que não careçam da verbalização do que fiz contra a injustiça que afronta a imagem e a semelhança de Deus.